sábado, 4 de abril de 2015

QUINTA-FEIRA SANTA 2015 - MISSA DA CEIA DO SENHOR E LAVA-PÉS


O pão e o vinho são elementos proféticos nas escrituras. Aparecem já no livro do Gênesis, quando o sacerdote Melquisedeque quiser celebrar uma ceia histórica - Gn 14,18. Mas além do sinal, existe uma ação: "partir e distribuir". Depois de o ter abençoado,  o Senhor parte o pão  e distribui-o  aos discípulos. 
 
Partir o pão é o gesto do pai de família que se preocupa com os seus e lhes dá aquilo de que têm necessidade para a vida. Mas é também o gesto da hospitalidade com que o estrangeiro, o hóspede é acolhido na família sendo lhe concedido tomar parte na sua vida. Partir-partilhar é unir. 
Através da partilha, criasse comunhão.  No pão repartido, o Senhor distribui-Se a Si próprio. 
O gesto de partir alude misteriosamente também à sua morte, ao amor  até  a morte. Ele distribui-Se a Si mesmo, verdadeiro "pão para a vida do mundo" - José 6,51. 
O alimento de que o homem, no mais fundo de si mesmo, tem necessidade é a comunhão com Deus.  Dando graças e abençoando, Jesus transforma o pão: já não é pão terreno, mas a comunhão consigo mesmo. 
Esta transformação, porém, quer ser o início da transformação do mundo, para que se torne um mundo de ressurreição, um mundo de Deus. Sim, trata-se de transformação: do homem novo e do mundo novo que têm  início no pão  consagrado, transformado  e transubstanciado.
"Dissemos que partir o pão é um gesto de comunhão, é unir através  do partilhar.Deste modo, no próprio  gesto  já  se alude à  natureza  íntima  da Eucaristia : está é "Ágape", é  amor que se tornou corpóreo. Na palavra ágape, compenetram-se  os significados  da Eucaristia  e amor.
No gesto de Jesus que parte o pão, o amor que se participa  alcançou  a sua  radicalidade  extrema:  Jesus  deixa-Se fazer em pedaços como Pão vivo. 
No pão distribuído,  reconhecemos o mistério  do grão  de trigo que morre e assim dá  fruto. Reconhecemos  a nova multiplicação  dos pães, que deriva da morte  do grão  de trigo e continuará  até o fim do mundo.  Ao mesmo tempo vemos que  a Eucaristia  não  pode ser apenas uma ação  litúrgica; só  está  completa, quando o "ágape litúrgico" se torna amor no dia a dia. 
No culto  cristão,  as duas coisas tornam-se  uma só: ser cumulados de graça  pelo Senhor  no ato cultural  e o culto do amor para com o próximo. Nesta hora, peçamos  ao Senhor  a graça  de aprender a viver cada vez melhor  o mistério  da Eucaristia  de tal modo  que assim tenha início  a transformação  do mundo"- Bento XVI
O que se pede para cada um de nós, hoje, para entrar neste mistério da Páscoa, cuja celebração anual estamos iniciando? Pede-se o mesmo que se exigiu para os hebreus e para Jesus Cristo: fazer uma "passagem". Uma passagem nova e diferente. 
 São Paulo a define como uma passagem nova e diferente. Uma passagem do homem velho ao homem novo, do fermento de malicia para os ázimos  de pureza - 1Cor 5,8. 
Portanto, não a passagem de um lugar para outro, mas de um modo de viver para outro, do viver para o mundo é segundo o mundo, para viver para o Pai.
 Sim, é preciso "passar". Ainda somos escravos, como os hebreus do Egito.  Somos escravos das coisas, das comodidades, dos preconceitos, da moda, do consumismo, da intolerância,  enfim, presos do pecado. Deus, a Páscoa, nos chama a sair, a nos rebelar contra tudo isto, a nós despertar do sono terrível  em que estamos  imersos, a nós levantar  e a nos  colocar a caminho. 
Por isto o cordeiro pascal se devia comer assim: "tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão" - 
Ex 12,11.

Abrir - nos a Deus, encaminhar - nos a Ele, talvez seja este o sentido mais profundo da mensagem  pascal. Que os ritos não sejam apenas ritos, mas tornem-se realidade viva: É a Páscoa do Senhor! Cf. : CNBB, roteiros homileticos  da Páscoa - 2015 - Ano B.


 PARÓQUIA SANTA EDWIGES 
EM BRÁS DE PINA
Pároco Pe Givanildo Luiz Andrade
Imagens Daniel Verdial