domingo, 16 de fevereiro de 2014

HOMILIA DE PADRE GIVANILDO NO VI DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A 2014


No dia 4 de outubro de 1965, Paulo VI, visitou a sede da ONU, proferiu seu discurso à Assembleia das Nações Unidas, destacando que “há muito tempo estamos a caminho, através de uma longa história. 
Celebramos, neste momento, o epílogo da longa caminhada em busca do diálogo com o mundo inteiro, que começou quando nos foi ordenado: ‘Ide, levai a boa nova a todas as nações!’.
A Igreja, “navega” então pela modernidade, fazendo-se portadora de uma mensagem de esperança: Temos consciência de sermos a voz dos mortos e dos vivos.
 Dos mortos que tombaram nas muitas guerras passadas, sonhando com a concórdia e a paz no mundo. Dos vivos, sobreviventes que condenam em seus corações todos os que tentaram recomeçá-las. 
Mas também dos vivos ainda jovens, que caminham confiantes no futuro melhor. 
Fazemo-nos igualmente voz dos pobres, dos deserdados e miseráveis, dos que buscam a justiça, lutam pela dignidade de viver em liberdade, pelo bem estar e pelo progresso...para não voltar atrás, é preciso avançar... as relações entre os povos devem ser reguladas pela razão, pela justiça, pelo direito, e pela negociação, e não pela força, nem pela violência, pela guerra, pelo medo ou pelo domínio. 
A vida humana é sagrada. Ninguém pode violá-la. O respeito à vida, mesmo no que se refere ao grave 

problema da natalidade, deve encontrar sua mais lídima afirmação e sua mais firme defesa.
A tarefa da ONU é fazer com que o pão seja suficientemente abundante para toda a humanidade, sem favorecer o controle artificial da natalidade. Seria irracional adotá-lo, sob pretexto de diminuir os convivas  no banquete da vida.
Não basta alimentar os famintos. É preciso assegurar a cada ser humano uma vida  conforme a  sua dignidade. 
O edifício que construís não repousa sobre as bases puramente materiais e terrenas, mas fundamenta-se em nossas consciências. Devemo-nos habituar a pensar de modo novo o ser humano, sua vida em comum, seu caminhar na História e os destinos do mundo.
Repensemos nossa origem comum, nossa história e destinos comuns.  O edifício da civilização moderna deve ser construído sobre a base de princípios espirituais, os únicos capazes de sustentá-lo, de iluminá-lo e de animá-lo, pelo menos é convicção nossa, funda-se na fé em Deus” (Discurso de Paulo VI, na Assembleia das Nações Unidas).
Fogo e Água. Vida e Morte. O Bem e o Mal. Qual a nossa escolha?  Qual a sua escolha? O discurso de Paulo VI, na Assembleia das Nações Unidas em 1965, por ocasião do Concílio, trouxe para dentro do nosso tempo, a modernidade, estas possibilidades de escolhas que selam o nosso presente e o nosso futuro.
 O Antigo Testamento continua a nos convidar, a nos chamar a tomar posse da nossa liberdade, do nosso livre arbítrio a ter sempre em mente  que “os olhos do Senhor estão sempre voltados para os que o temem”, ou seja, para aqueles que amam o Senhor. Amando-O, aprendemos a ser livres e livres assumimos também os nossos destinos, pois teremos a posse da sabedoria de Deus, escondida, destinada desde a eternidade para nossa glória, sabedoria esta que os olhos jamais viram nem ou ouvidos ouviram nem coração nenhum pressentiu, mas revelada por Deus a nós, através do Espírito que esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus, porque O amamos. (1Cor 2, 6-10).
  É a sabedoria da Cruz que não se identifica com a sabedoria do mundo. Vamos encontra-la em Cristo Jesus. Jesus! Que veio não para abolir a Lei. Veio plenificar a Lei. 

Vivenciando-a  na mais profunda radicalidade do seu coração, indo além de qualquer exterioridade, de qualquer escrita, de qualquer materialidade, convidando-nos a ir com Ele, e n’Ele além da justiça dos mestres da lei e dos fariseus para o lugar do verdadeiro encontro, onde podemos nos  encontrar em espírito e verdade, construindo o Mundo a partir de dentro, a partir do coração, pois Ele mesmo falou, “Onde está o teu coração, aí está o teu tesouro” – é a posse do Reino dos Céus.

Paróquia Santa Edwiges - Brás de Pina - RJ
Pároco Givanildo Luiz Andrade
Imagens Daniel Verdial

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