segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

1º DOMINGO DA QUARESMA - “VENCER A TENTAÇÃO QUE DESTRÓI A ESPERANÇA E A PAZ”


Este ano, a Campanha da Fraternidade nos alerta para a tentação de querer que a fé exista apenas para resolver os problemas pessoais, sem olhar para o mundo que nos cerca e, mais ainda, para nele agir, a fim de o transformar em um mundo com mais fraternidade, mais justiça, mais concórdia e mais esperança. E nós só faremos tudo isso se realmente estivermos unidos a Jesus, participando de sua graça e tornando-nos seus discípulos.
(Gn 9,8-15)
LEITURA DO LIVRO DO GÊNESIS
Disse Deus a Noé e a seus filhos: “Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, com todos os seres vivos que estão convosco: aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos os animais da terra, que saíram convosco da arca. Estabeleço convosco a minha aliança: nunca mais nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra.” 
E Deus disse: “Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras: ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra. Quando eu reunir as nuvens sobre a terra, aparecerá meu arco nas nuvens. Então eu me lembrarei de minha aliança convosco e com todas as espécies de seres vivos. E não tornará mais a haver dilúvio que faça perecer nas suas águas toda criatura.”
(1Pd 3,18-22)
LEITURA DA PRIMEIRA CARTA DE SÃO PEDRO 
Caríssimos: Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte, na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito. No Espírito, ele foi também pregar aos espíritos na prisão, a saber, aos que foram desobedientes antigamente, quando Deus usava de longanimidade, nos dias em que Noé construía a arca. Nesta arca, umas poucas pessoas — oito — foram salvas por meio da água.
 À arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo. Ele subiu ao céu e está à direita de Deus, submetendo-se a ele anjos, dominações e potestades.
(Mc 1,12-15)
 EVANGELHO DE JESUS CRISTO 
SEGUNDO MARCOS.
Naquele tempo, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam. Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
"O itinerário pascal de Jesus começa no deserto para nos ensinar que a conversão cotidiana requer desprendimentos, renúncias, escolhas; que as tentações não se superam senão com tenacidade; que o poder do mal não se vence senão com o esforço constante de buscar sempre a vontade do Pai em nossas vidas. 
Ao longo da nossa vida, nos momentos em que as tentações se manifestam mais fortes, tenhamos no coração o exemplo do sacrifício e da fortaleza de Jesus".
ORAÇÃO
Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda palavra que sai de vossa boca. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!
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Paróquia Santa Edwiges 
Brás de Pina
Pároco: Padre Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

OUSADIA E HUMILDADE - SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM‏


Um mal físico a ponto de ser considerado um castigo de Deus. Estamos diante de uma experiência que toca à realidade humana já em 1400 a.C.
O livro do Levítico, que faz parte dos cinco primeiros livros da Bíblia, constituindo o Pentateuco, o livro que trata das normas do culto e mandamentos do Senhor, traz-nos a informação da presença de uma doença letal naquele tempo; letal e excludente para aqueles que fossem acometidos por ela.
Só restava ao homem, à  mulher de fé, recorrer ao Senhor: "Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio" - Sl  31(32). Pois, pela sua condição social e religiosa, constatada a doença da lepra, só lhe restava "andar com as vestes rasgadas, o cabelo em desordem e a barba coberta, gritando: impuro! Impuro!", pois era considerado um impuro do ponto de vista religioso, portanto, um pecador - Lv 13,45.
A lepra é sinal de corrupção, impureza, princípio de decomposição e de morte. Tratava-se de um conceito de santidade que tinha como elemento essencial a pureza externa. É mais um caso de higiene do que de consciência. 
Jesus põe  fim a esta concepção  de santidade e pureza, fazendo entender que a verdadeira  raiz da imoralidade é a intenção do homem: não é aquilo que ele toca, ou que entra nele. Não são as mãos sujas que mancham o homem, mas aquilo que ele pensa, o que sai do seu coração - Mt 15,11ss.
Assim, 1400 anos depois, agora era um leproso, provavelmente, que vivia às  escondidas, tem a ousadia e a humildade de se lançar em direção a Jesus e ajoelhado dizer-lhe: "se queres tens o poder de curar-me" - MC 1,40. 
Ousadia e humildade brotaram  do coração daquele homem. Ousadia para sair de sua condição de leproso, excluído, impuro e pecador, passível de contaminar a outros e revelar agora, publicamente as suas feridas. 

Humildade para colocar-se numa atitude de total dependência e esperança perante Aquele que poderia tira-lo daquela condição de exclusão social e religiosa, pois no Senhor, encontrou "alegria e refúgio". Regozijou, porque ouviu do Senhor: Eu quero, fica curado!" - Mc 1,41.
A Igreja, enquanto Comunidade de fiéis, continua hoje a gritar ao Senhor: "se queres, podes limpar-me", pois o Senhor supera a Lei dada por meio de Moisés e vindo o Senhor traz a graça que cura, perdoa  e sara o homem da sua chaga, quer do corpo, quer do espírito.

Hoje, também precisamos da ousadia e da humildade do leproso exposto no Evangelho: Mc  1,40-45. "Devemos reconhecer  que em nós existe uma lepra que nos divide, que nos dilacera, que vai aos poucos  deformando o nosso coração. 
Devemos reconhecer  que fora de Jesus não  existe cura para isso. Só Ele é o nosso refúgio, só Ele nos traz a alegria da cura - Sol 31.

Deixemos que ele nos toque. Ele não pode contaminar-se conosco, e por isso, Ele nos toca, e o seu toque é um toque purificador,  que nos devolve a saúde do corpo e da alma, a força  do seu Espírito  devolve- nos a saúde".

PARÓQUIA SANTA EDWIGES
BRÁS DE PINA – RJ
Pároco: Pe Givanildo Luiz Andrade
Fotografia: Daniel Verdial

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

"SEGUROU SUA MÃO E A AJUDOU - A LEVANTAR" - MC, 1,31 - QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM‏


O sofrimento de Jo. "A dor de Jo é  um misto de todas as dores humanas: doença, morte dos filhos, perdas dos bens, sofrimento moral. Assim, ele dá  voz às grandes dores de todos os homens de todas as épocas. Jo expressa sua dor  através de duas imagens: a primeira  delas é  a do escravo que suspira pela sombra  e a segunda a do assalariado que espera com angústia pela sua diária. 
No entanto, ele, Jo,  não  teve nem a sombra e nem o salário, mas só  a continuidade da dor. Um contínuo "cessamento da esperança" e que sua vida é simplesmente "vento". Ao perder a esperança, Jo perde aquilo que o une a Deus, que o faz confiar que a "corda da sua vida" ainda está nas mãos do Senhor e que, na hora exata, Ele  haverá de puxá-lo salvando-o da sua condição de aparente falência.
É o Evangelho que nos fará ver a felicidade, que mais que um sentimento, é uma pessoa: Jesus Cristo.
Em paralelo com a primeira  leitura, o Evangelho nos mostra a "luta" que  é  a vida do homem sobre a terra, ao apresentar  todos  os enfermos e possessos que são  levados a Jesus. 
Todos os doentes, os possessos e os que cuidam deles estão exaustos e querem ser aliviados  da sua  luta. Enquanto a primeira leitura termina num tom de angústia e silêncio divino, aqui o evangelho nos apresenta  a solução enviada pelo Pai: Jesus, que veio tomar sobre si  nossas dores.
A primeiríssima missão do Senhor é  anunciar a boa nova do Reino. Ele cura por compaixão. Não  deseja ver o sofrimento  dos homens. Cura e expulsa  os demônios como sinal de que o poder  de Satanás  sobre este mundo está com os dias contados. 
É a proclamação  de que um dia, também nós seremos vitoriosos na batalha contra o nosso  último  inimigo que é  a morte. É o mistério de Deus que assume a nossa humanidade e morre para vencer a morte. É a sua Páscoa, a nossa também - 1Cor  15,26. A morte é uma inimiga vencida.O senhor há  de nos ressuscitar dos mortos e nos fazer assentar  com Ele  nos céus - Rm  6,5.8. 
Tal anúncio  é, para nós,  uma necessidade - 1Cor 9,16. A grande cura é  a salvação, a vida eterna, que nos foi conquistada pelo preço  do sangue do Cordeiro que por nós  foi à  cruz.
Sigamos os passos do Mestre, buscando uma vida de intimidade com o Pai - Mc 1,35.
É  importante empenhar a nossa vida, como Paulo, em sermos anunciadores da Palavra de Deus, a fim de  ganhar o máximo  possível  para Cristo.
Para maior aprofundamento: Liturgia, Tomou sobre Si nossas dores, Jornal Testemunho de fé,  Pg  17, PE Fábio  Siqueira;  8 A 14.02.15  1 Edição  semanal  no.  730.


PARÓQUIA SANTA EDWIGES
BRÁS DE PINA – RJ
Pároco: Pe Givanildo Luiz Andrade

Fotografia: Daniel Verdial

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

"JESUS É A PALAVRA DE DEUS, ENTÃO É NELE QUE ENCONTRAMOS A LUZ PARA OS NOSSOS PASSOS E O RUMO DA NOSSA EXISTÊNCIA"


IV Domingo do Tempo Comum – Ano B
Dt 18,15-20 - Sl 94 - 1Cor 7,32-35 - Mc 1,21-28

Caríssimos, hoje a Palavra a nós proclamada mostra o Senhor ensinando. O Evangelho nos dá conta que seu ensinamento causava admiração. E por quê? Porque Jesus não é um simples mestre, um mero rabi… 
Vocês escutaram na primeira leitura o que Moisés prometera – ou melhor, o que Deus mesmo prometera pela boca de Moisés: “O Senhor teu Deus fará surgir para ti, da tua nação e do meio de teus irmãos, um profeta como eu: a ele deverás escutar!” Eis! Moisés, o grande líder e libertador de Israel, aquele através do qual Deus falava ao seu povo e lhe dera a Lei, anuncia que Deus suscitará um profeta como ele. 
E os judeus esperavam esse profeta. Chegaram mesmo a perguntar a João Batista: “És o Profeta?” (Jo 1,21), isto é, “És o Profeta prometido por Moisés?” Pois bem, caríssimos: esse Profeta, esse que é o Novo Moisés, esse que é a própria Palavra de Deus chegou: é Jesus, nosso Senhor! 
Como Moisés, ele foi perseguido ainda pequeno por um rei que queria matar as criancinhas; como Moisés, ele teve que fugir do tirano cruel, como Moisés, sobre o Monte – não o Sinai, mas o das Bem-aventuranças – ele deu a Lei da vida ao seu povo; como Moisés, num lugar deserto, deu ao povo de comer, não mais o maná que perece, mas aquele pão que dura para a vida eterna.
 Jesus é o verdadeiro Moisés; e mais que Moisés, “porque a Lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1,17). Jesus é a plenitude da Lei de Moisés, Jesus não é somente um profeta, mas é o próprio Deus, Senhor dos profetas, Senhor de Moisés! Moisés deu testemunho dele no Tabor e cairia de joelhos a seus pés se o encontrasse. Jesus, caríssimos, é a própria Palavra do Pai feita carne, feita gente, habitando entre nós!
Mas, essa Palavra não é somente voz, sopro saído da boca. Essa Palavra que é Jesus é tão potente (lembrem-se que tudo foi criado através dela!), que não somente fala, mas faz a salvação acontecer. Por isso os milagres de Jesus, suas obras portentosas: para mostrar que ele é a Palavra eficaz e poderosa do nosso Deus. Ao curar um homem atormentado na sinagoga de Cafarnaum, Jesus nosso Senhor mostra toda a sua autoridade, seu poder e também o sentido de sua vinda entre nós: ele veio trazer-nos o Reino de Deus, do Pai, expulsando o reino de Satanás, isto é, tudo aquilo que demoniza a nossa vida e nos escraviza!
 – Obrigado, Senhor, Jesus, pela tua vinda! Obrigado pela tua obra de libertação! Muito obrigado porque, em ti, tudo é Palavra potente: tua voz, tuas ações salvadoras, teu modo de viver, teus exemplos, tuas atitudes! Tu não somente tens palavras de vida eterna; tu mesmo és a Palavra de Vida! Obrigado! Dá-nos a capacidade de escutar-te sempre!
Meus caros, se Jesus é essa Palavra potente, Palavra de vida, então viver sua Palavra é encontrar verdadeiramente a vida e a liberdade. Na leitura do Deuteronômio que escutamos, Deus dizia, falando do Profeta que haveria de vir: “Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome”. Ora, caríssimos, se Jesus é a Palavra de Deus, então é nele que encontramos a luz para os nossos passos e o rumo da nossa existência. 
Num mundo como o nosso, que prega uma autonomia louca do homem em relação a Deus, uma autonomia contra Deus, nós que cremos em Jesus, devemos cuidar de nos converter sempre a ele, escutando sua palavra. Ele nos fala, caríssimos: fala-nos nas Escrituras, fala-nos na voz da sua Igreja, fala-nos íntimo do coração, fala-nos na vida e nos acontecimentos… Certamente, ouvi-lo não é fácil, pois muitas vezes sua palavra é convite a sairmos de nós mesmos, de nossos pensamentos egoístas, de nossas visões estreitas, de nossa sensibilidade quebrada e ferida pelo pecado. Sairmos de nós para irmos em direção ao Senhor, iluminados pela sua santa palavra – eis o que Cristo nos propõe hoje!
É tão grande a bênção de encontrar o Senhor, de viver nele e para ele, que São Paulo chega mesmo a aconselhar o celibato, para estarmos mais disponíveis para o Senhor. Vocês escutaram a segunda leitura da Missa deste hoje. O Apóstolo recomenda o ficar solteiro, não por egoísmo ou ódio ao matrimônio, mas para ter mais condições de ser solícitos para com as coisas do Senhor e melhor permanecer junto ao senhor. 
É este o sentido do celibato dos religiosos e dos padres diocesanos: recordar ao mundo que Cristo é o Senhor absoluto de nossa vida e que por ele vale a pena deixar tudo, para com ele estar, para, como Maria irmã de Marta, estar a seus pés, escutando-o e para ele dando o melhor de nós. O celibato, que num mundo descrente e sedento de prazer sensual, é um escândalo, para os cristãos é um sinal do primado de Cristo e do seu Reino.
Rezemos para que aqueles que prometeram livremente viver celibatariamente cumpram seus compromissos com amor ao Senhor e à Igreja. Rezemos também para que os cristãos saibam ver no celibato não uma armadilha ou uma frustração, mas um belíssimo sinal profético, um verdadeiro grito de que Deus deve ser amado por tudo e em tudo, acima de todas as coisas. 
Se os casados mostram a nós, celibatários, a beleza do amor conjugal e do mistério de amor esponsal entre Cristo e a Igreja, nós, solteiros pelo Reino dos Céus, mostramos aos casados e ao mundo que tudo passa e tudo é relativo diante da beleza, da grandeza e do absoluto dAquele que Deus nos enviou: o seu Filho bendito, sua Palavra eterna, Verdade que ilumina, liberta e dá vida. A ele a glória para sempre. Amém.

presbíteros.com/D. Henrique Soares



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