Homilia de Padre Givanildo Luiz Andrade
A liturgia da Palavra começa com uma importante pergunta: “Uma mulher
forte , quem a encontrará?” – Prov. 31,10s.
Depois, no
decorrer da celebração, defrontamo-nos com a parábola em que Jesus vem trazendo
para nós a necessidade de um homem que
viaja para o estrangeiro e entrega os seus bens, para que outros os administrem
para ele – Mt 25, 14-30.
Qual a comparação que se
pode ser feita entre estas situações
aparentemente antagônicas – a mulher forte e os talentos? Avançando na reflexão e indo adiante sobre a fortaleza que o autor sagrado faz em referência à mulher, entendemos que a força encontrada em tal mulher advém da sua fé, do seu amor, da confiança encontradas no Senhor. O Senhor é a sua força; é o Senhor que a faz mais valiosas que as joias do mundo. Ela é apaixonada e apaixonante.
O seu
coração é como um rio de águas limpas e
nutrientes, que transbordam do Coração do Senhor para o seu coração.
Apaixonada, também apaixona o Outro. É tão forte e intensa esta reciprocidade
de bem querer que transborda para o coração do mundo, para o coração do seu
marido que encontra fidelidade e alegria todos os dias de sua vida – Prov.
31,11s.
Provérbios 31, 10-13.19-20.30-31
Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas. Nela confia o coração do marido e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras a louvem às portas da cidade.
De posse das condições que vem de Deus, a mulher forte coloca em prática
a causa da abundância de sua casa: “procura a lã e linho, e com habilidade trabalham as suas
mãos”. E assim, enriquecida de bens e generosidade, “abre suas mãos ao
necessitado e estende suas mãos ao pobre”.
Desse
modo, entendemos a questão da parábola narrada pelo Senhor: recebemos e
precisamos ser administradores dos bens que um dia, que não sabemos a hora e o mês, mas que “virá como um ladrão,
de noite” – 1 Tes. 5,2.
1 Tessalonicenses 5,
1-6
Irmãos: Sobre
o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios
sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão noturno. E
quando disserem: "Paz e segurança", é então que subitamente cairá sobre eles a
ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão
escapar. Mas vós, irmãos, não andais nas trevas, de modo que esse
dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e
filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não
durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
Conscientes desta responsabilidade, pois somos “filhos da luz e filhos
do dia”, é importantes estar acordados administrando os talentos a nós
confiados, para que quando o Senhor
chegar, entregarmos a Ele, multiplicados quer por dez, quer por cinco,
aquilo que lhe pertence, para ouvirmos D’ele: “muito bem, servo bom e fiel! Como
foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem
participar da minha alegria!” – Mt 25, 21-22.
Urge sabermos administrar tudo o que chega em nossas mãos, sob a nossa
responsabilidade. Não dar para sermos um administrador passivo e preguiçoso,
enterrando o que está aos nossos cuidados, como se não tivéssemos nada a ver
com isso.
Portanto, é preciso cuidar do corpo, do espírito, para melhor cuidar do(a) outro (a). Ser consciente e responsável perante a vida, perante o mundo, perante a natureza. Neste sentido, vale ressaltar o cuidado com o que produzimos e consumimos: não ter uma atitude passiva perante a vida.
A natureza está,
cada vez mais exaurida em suas capacidades de atender à demanda da humanidade.
Cada vez mais está sendo levada ao esgotamento. Começa a faltar água para
beber, o oxigênio do meio ambiente está comprometido com o excesso de poluição.
A Natureza apenas dar e dar de si. É preciso acordar. Ter consciência que é preciso “acordar”. Não ser parasitas dos talentos a nós confiados. Mudar os modos, os costumes no trato com a Natureza. Sentir-se um com a “Mãe terra” e procuramos cuidar dos bens naturais que o Criador colocou aos nossos cuidados e não seus destruidores.
O Natal se aproxima. Qual é, qual será a nossa atitude perante o que é produzido e vendido? A que custo humano, a que custo dos recursos naturais o que está sendo produzido chegará ao comércio para ser consumido? Vale a pena tê-los a qualquer custo? Qual o nosso maior Bem? A nossa maior riqueza? Quem é a pessoa de Jesus Cristo para o seu Natal?
Lembre-se: Deus entrega os talentos em suas mãos. Quer que você seja um co-operador (a) na construção do Reino. Chama-o (a) a ser guardião (ã) dos talentos que são de todos. Tome posse desta responsabilidade. A paz.
Evangelho - São Mateus 25, 14-30
Naquele tempo, disse Jesus
aos seus discípulos a seguinte parábola: “Um homem, ao partir de viagem,
chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco
talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada
qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e
ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros
dois. Mas, o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o
dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles
servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos
aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor,confiaste-me cinco
talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’.
Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem,
servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria
do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse:
‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e
recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento
na terra. Aqui tens o que te pertence’. O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu. Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’.
A parábola dos talentos, apesar das semelhanças, não deverá ser a mesma
das minas (Lc 19, 12-27), ainda que alguns pensem que sim, pois Jesus
podia ter contado duas parábolas semelhantes, embora com o mesmo fim didáctico.
Esta parábola ensina principalmente a necessidade de corresponder à graça duma
maneira esforçada, exigente, constante, durante toda a vida. Temos de fazer
render todos os dons da natureza e da graça, recebidos do Senhor. O importante
não é o número dos talentos recebidos, mas sim a generosidade em os fazer
frutificar.
PARÓQUIA SANTA EDWIGES
BRÁS DE PINA - RJ
Pároco: Pe Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial
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