segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

OUSADIA E HUMILDADE - SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM‏


Um mal físico a ponto de ser considerado um castigo de Deus. Estamos diante de uma experiência que toca à realidade humana já em 1400 a.C.
O livro do Levítico, que faz parte dos cinco primeiros livros da Bíblia, constituindo o Pentateuco, o livro que trata das normas do culto e mandamentos do Senhor, traz-nos a informação da presença de uma doença letal naquele tempo; letal e excludente para aqueles que fossem acometidos por ela.
Só restava ao homem, à  mulher de fé, recorrer ao Senhor: "Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio" - Sl  31(32). Pois, pela sua condição social e religiosa, constatada a doença da lepra, só lhe restava "andar com as vestes rasgadas, o cabelo em desordem e a barba coberta, gritando: impuro! Impuro!", pois era considerado um impuro do ponto de vista religioso, portanto, um pecador - Lv 13,45.
A lepra é sinal de corrupção, impureza, princípio de decomposição e de morte. Tratava-se de um conceito de santidade que tinha como elemento essencial a pureza externa. É mais um caso de higiene do que de consciência. 
Jesus põe  fim a esta concepção  de santidade e pureza, fazendo entender que a verdadeira  raiz da imoralidade é a intenção do homem: não é aquilo que ele toca, ou que entra nele. Não são as mãos sujas que mancham o homem, mas aquilo que ele pensa, o que sai do seu coração - Mt 15,11ss.
Assim, 1400 anos depois, agora era um leproso, provavelmente, que vivia às  escondidas, tem a ousadia e a humildade de se lançar em direção a Jesus e ajoelhado dizer-lhe: "se queres tens o poder de curar-me" - MC 1,40. 
Ousadia e humildade brotaram  do coração daquele homem. Ousadia para sair de sua condição de leproso, excluído, impuro e pecador, passível de contaminar a outros e revelar agora, publicamente as suas feridas. 

Humildade para colocar-se numa atitude de total dependência e esperança perante Aquele que poderia tira-lo daquela condição de exclusão social e religiosa, pois no Senhor, encontrou "alegria e refúgio". Regozijou, porque ouviu do Senhor: Eu quero, fica curado!" - Mc 1,41.
A Igreja, enquanto Comunidade de fiéis, continua hoje a gritar ao Senhor: "se queres, podes limpar-me", pois o Senhor supera a Lei dada por meio de Moisés e vindo o Senhor traz a graça que cura, perdoa  e sara o homem da sua chaga, quer do corpo, quer do espírito.

Hoje, também precisamos da ousadia e da humildade do leproso exposto no Evangelho: Mc  1,40-45. "Devemos reconhecer  que em nós existe uma lepra que nos divide, que nos dilacera, que vai aos poucos  deformando o nosso coração. 
Devemos reconhecer  que fora de Jesus não  existe cura para isso. Só Ele é o nosso refúgio, só Ele nos traz a alegria da cura - Sol 31.

Deixemos que ele nos toque. Ele não pode contaminar-se conosco, e por isso, Ele nos toca, e o seu toque é um toque purificador,  que nos devolve a saúde do corpo e da alma, a força  do seu Espírito  devolve- nos a saúde".

PARÓQUIA SANTA EDWIGES
BRÁS DE PINA – RJ
Pároco: Pe Givanildo Luiz Andrade
Fotografia: Daniel Verdial

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