A arca da Aliança, em cujo interior guardava-se as Tábuas da Lei de Deus, se perdeu ao longo da História. O
desterro, o exílio, o prolongamento do Êxodo, causaram ao Povo eleito perdas e
ganhos no seu caminhar na história.
Caminhada árdua e muitas coisas foram sendo
deixadas pelo caminho e outras sendo adquiridas.
Resta, contudo, a Lei que foi
transcrita das pedras para o coração.
Isto ninguém poderá
tirar-lhe, pois o próprio Senhor lhe assegurou: “Dar-lhes-ei um só coração,
porei no seu íntimo um espírito novo: removerei do seu corpo o coração de pedra,
dar-lhes-ei um coração de carne, a fim de que andem de acordo com os meus
estatutos e guardem as minhas normas e as cumpram” - Ez 11,19s.
É uma
experiência de vida que caminha entre avanços e retrocessos, até que chega o Tempo da realização das promessas
anunciadas pelos profetas e realizadas por Jesus Cristo.
Eis que Ele vem. Em
sua antecipação, entre sinais e prodígios, temos a visão de uma mulher:
“vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa com
doze estrelas” – Ap 11, 19ª, ‘antecipando aquilo que será a futura realização
de todos nós, na pessoa de uma mãe que carrega em seu seio o Verbo Eterno feito
Homem’, fazendo ressoar a “voz forte no Céu proclamando a realização da
salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo” – Ap 11,
10.
A celebração da
solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu é essencialmente uma celebração da vida
humana entrelaçando-se com o divino.
O evangelho de hoje, Lc 1, 39-56, traz-nos
a experiência familiar bem comum à nossa realidade: o encontro de duas mulheres
que se conhecem e se ajudam nas tarefas da casa.
Maria, a jovem que será mãe em
breve , corre ao encontro de Isabel, que
em sua gravidez tardia, receberá de Maria toda a atenção, o que demonstra que o humano é profundamente divino.
Tão divino que Isabel ao ouvir a saudação de Maria, a criança pulou de alegria
no seu ventre e Isabel “ficou cheia do Espírito Santo”. Presença e
solidariedade de Maria. Graça e benevolência de Deus realizando maravilhas.
Prezados irmãos,
se, se tira aquilo que nos constitui como pessoa, ou seja, a nossa natureza
humana constituída da razão e que nos dá a capacidade para a liberdade; se, se
tirar isto de nós, o quê nos restará?
A
pura e simples animalidade! Seríamos puramente animais. Buscaríamos apenas,
pelo instinto, a sobrevivência e continuação
da espécie. No entanto, apesar desta extraordinária capacidade de sermos
o que somos, há um grande abismo entre nós: a intolerância, a não aceitação, a
indiferença, o egoísmo, a exclusão que geram injustiça e violência e
consequentemente, a morte.
Se por um lado há sinais de anúncio e salvação entre
nós, por outro, há sinais de guerras, doenças, fome, morte que chegam até nós
com matizes ideológicas políticas e
religiosas ou por etnias.
Assim, vemos agressões mútuas entre palestinos e
israelenses, Iraque, Síria; fome e desespero em muitos lugares, desde o Haiti,
África e em países em via de
desenvolvimento ou desenvolvidos.
O quê nos
falta? Nesta solenidade da Assunção de
Maria, podemos aprender dela e com ela: sua escolha pelo Senhor, a sua alegria
em ter o Senhor olhado para a sua humildade e realizado nela maravilhas. O nome
santo do Senhor moveu-a ao encontro de
todos nós com sua misericórdia.
Oremos pelos que
sofrem.
Paróquia Santa
Edwiges em Brás de Pina
Pároco Pe
Givanildo Luiz Andrade
Imagens Daniel
Verdial
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