segunda-feira, 21 de abril de 2014

SÁBADO SANTO - VIGÍLIA PASCAL


Morrer é partir. Embora fique ainda o corpo do morto – este pessoalmente partiu para o desconhecido e não podemos segui-lo (Jo 13,36). 
Mas, no caso de Jesus, há uma novidade única que muda o mundo. Na nossa morte, a partida é uma realidade definitiva, não há regresso.
Pelo contrário Jesus, falando da sua morte diz: “Vou partir, mas  voltarei para junto de vós”. É precisamente partindo que Ele vem.
 A sua partida inaugura um modo totalmente novo e maior de sua presença. Com a sua morte, Jesus entra no amor do Pai.

A sua morte é um ato de amor. O amor, porém, é imortal. Por isso, a sua partida  transforma-se numa nova vinda, numa nova forma de presença mais profunda que não acaba mais.
Na sua vida terrena, Jesus, como todos nós, estava ligado às condições externas da existência corpórea a um certo lugar e a um determinado tempo.
 A corporeidade coloca limites à nossa existência. Não podemos estar  contemporaneamente  em dois lugares diferentes.

O nosso tempo tende a acabar. E entre o “eu” e o “tu” existe o muro da alteridade. Certamente, no amor, podemos de algum modo entrar na existência do outro.
Mas permanece a barreira intransponível de sermos diversos. Pelo contrário, Jesus, que agora fica totalmente transformado por meio do  ato de amor, está livre de tais barreiras e limites.
É capaz não só de passar através das portas externas e fechadas, como narram os evangelhos (Jo 20,19),  mas pode também passar através da porta interna entre o “eu” e o “tu”, a porta fechada entre o ontem e o hoje, entre o passado e o amanhã.
Com a radicalidade do seu amor, no qual se tocaram o coração de Deus e o coração do homem, Jesus tomou verdadeiramente a luz do céu e trouxe-a à terra – luz da  verdade e o fogo do  amor que transformam o ser do homem.
 Ele trouxe  a luz, e agora sabemos quem e como é Deus. De igual modo sabemos também como estão as coisas a respeito do homem: o que somos nós e para que fim existimos.

Ser batizados significa que o fogo desta luz desce ao nosso íntimo. Por isso, na Igreja Antiga, o Batismo era chamado também  o Sacramento da Iluminação:  A luz de Deus entra em nós: assim nos tornamos nós próprios filhos da luz.
Esta luz da verdade  que nos aponta o caminho, não deixemos que se apague. Protejamo-la contra todas as forças que pretendem  extingui-la para nos lançar  novamente na escuridão de Deus e de nós mesmos.

 De vez em quando a escuridão pode-nos parecer cômoda. Posso esconder-me e passar a minha vida dormindo. Nós, porém, não somos chamados a viver nas trevas, mas na luz.
Nas promessas batismais, por assim dizer acendemos novamente, ano após ano, esta luz:  sim, creio que o mundo e  a minha vida não provêm do acaso, mas da Razão eterna e do Amor  eterno, são criados por Deus onipotente.

 Sim, creio que em Jesus Cristo, na sua encarnação, na sua cruz e ressurreição, se manifestou o Rosto de Deus; que, n’Ele, Deus está presente no meio de nós, nos une e  conduz para a nossa meta, para o Amor eterno.
SIM, CREIO QUE O ESPÍRITO SANTO NOS DÁ A PALAVRA DA VERDADE E ILUMINA O NOSSO CORAÇÃO; CREIO QUE, NA COMUNHÃO DA IGREJA, NOS TORNAMOS TODOS UM SÓ CORPO COM O SENHOR E, DESTE MODO, VAMOS AO ENCONTRO DA RESSURREIÇÃO E DA VIDA ETERNA. 

O Senhor deu-nos a luz da verdade. Esta luz é ao mesmo tempo também fogo, força que nos vem de Deus: uma força que não destrói, mas quer transformar os nossos corações, para nos tornarmos verdadeiramente homens de Deus e para que a sua paz se torne operativa neste mundo.
Voltai-vos para o Senhor, para o Deus vivo, para a luz verdadeira. Sempre de novo nos devemos voltar para Ele, que é o Caminho ,a  Verdade e a vida. Sempre de novo nos devemos tornar “convertidos”, com toda a vida voltada para o Senhor. 
E sempre de novo devemos deixar que o nosso coração seja subtraído à força da gravidade, que o puxa para baixo, e levantá-lo interiormente para o alto: para a verdade e o amor. Nesta hora, agradeçamos ao Senhor, porque ele, com a força da sua palavra e dos sacramentos sagrados, nos orienta na justa direção e atrai para o alto o nosso coração. 

E rezemos-Lhe deste modo: Sim, Senhor, fazei que nos tornemos pessoas pascais, homens e mulheres da luz, repletos do fogo do teu amor. Amém.
(Cf.: Homilia de Bento XVI  - transmitida pela  Radio Vaticano)


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PARÓQUIA SANTA EDWIGES
BRÁS DE PINA - RJ
Pároco Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial

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