sábado, 19 de abril de 2014

QUINTA-FEIRA SANTA

O ATO DE “ENTREGAR” – ‘ TAMBÉM VÓS DEVEIS LAVAR-VOS OS PÉS UNS AOS OUTROS’.

Jesus não fica à espera de que os homens  venham privá-lo do que é seu: da sua liberdade, da sua honra, da sua integridade física e, por fim, da sua vida. 
Surpreendendo a todos, ele entrega antecipadamente o que lhe vão tirar. Judas sairá à noite para entregá-lo. 
Mas, antes que o faça, Jesus se entrega a si próprio: “Tomai e comei! Isto é meu corpo”. Tomai e bebei! Isto é meu sangue”. 
E age da mesma forma para com todos os protagonistas de sua Paixão: os sumos sacerdotes irão entregá-lo a Pilatos para que o crucifique.
 Pilatos o entrega de volta, para que o crucifiquem. E, finalmente, o entregarão à morte.
O verbo “entregar” é utilizado por todos os evangelistas em relação a todos os que, no relato, 
tomam alguma decisão, sem saber, contudo, que estão cumprindo ou consumando as Escrituras e que Jesus se antecipou a todos eles na Última Ceia: “ninguém me tira a vida, pois sou eu quem a dou ( Jo 10,18 ). A última Ceia  fornece assim, a chave de toda a paixão e ficamos cientes de que a vida, uma vez dada, transforma-se em alimento do ser humano.
E até mesmo que, segundo S. Irineu, o pão comum, provindo da criação, já era o corpo de Cristo. Deus já se entregava a nós no pão de nossas mesas.
Hoje, como sempre, temos necessidade de recebermos a vida que Deus nos concede
Refazer o que fez Cristo consiste em reproduzir em nós “as atitudes que foram as de Cristo Jesus (Fl 2,5) o qual deu sua vida por nós para que, também nós, demos a vida por nossos irmãos (1Jo 3, 16). 
Eis porque, no evangelho, segundo S. João, onde esperaríamos encontrar os gestos e as palavras pronunciadas sobre o pão e o vinho, vemos Jesus de joelhos ante os discípulos, a lavar-lhes  os pés. 
Este gesto simbólico tem o mesmo significado do dom do pão e do vinho: se Deus, a quem chamamos Mestre e Senhor, se faz nosso servo, com razão, devemos pôr-nos, também nós, a serviço  dos nossos irmãos.
Tudo isso, é claro, significa a Paixão que, a seguir, acontecerá e que, de fato, já começou. O poder se transforma em fraqueza. 
O Senhor se faz servo. Tudo se passa ao contrário. O justo ocupa o lugar do injusto, do culpado. O juiz  substitui o condenado. 
Até mesmo as realidades naturais são subvertidas: o pão e o vinho, frutos da criação, tornam-se presença e vida do Criador e a morte se transforma  em vida.
 De fato, a vida, quando a entregamos em prol dos outros, nós não a perdemos, mas a engrandecemos, já o dissera Jesus:
  “Quem perder a sua vida, salva-la-á”. O grão de trigo tem de apodrecer  na terra, perder  a sua condição de grão, para dar fruto. Um fruto que lhe confere a imortalidade!  
“Também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros”. Portanto, não fiquemos na limitação da celebração de um rito.
VIVAMOS NÃO APENAS UM RITUAL, MAS EFETIVAMENTE, UMA ALIANÇA REALMENTE NOVA.
(Cf.: Marcel Dormegue, sacerdote jesuíta, UNISSINOS)


PARÓQUIA SANTA EDWIGES
Rua Gurupema, 36 - Brás de Pina
Telefone: (21) 2260-4310
Pároco Padre Givanildo Luiz Andrade
Imagens> Daniel Verdial



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