domingo, 4 de janeiro de 2015

1º JANEIRO: SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS E DIA MUNDIAL DA PAZ.


Este dia é também considerado pela Igreja como o dia mundial da paz. Sendo endereçado a todos as pessoas, tem um significado social e político universal, pois compromete a todos, independente de sua fé religiosa. 

A paz depende  “também de mim”, na medida em  posso,  com minha ação e meu compromisso social,  reforçar o mesmo fundamento da paz que é a justiça, pois a obra da justiça é a paz Is 32,7.
Cada pessoa pode ser em seu pequeno mundo um homem pacífico Lc 10, 6 e levar sua contribuição para a paz mundial, porque não há paz  universal se não há homens de paz. Milhões de pessoas sem paz não podem formar uma humanidade em paz, como milhões de gotas de água turva não podem  formar um mar limpo.
Um cristão contribui para a paz quando encarna, assume no mundo o ideal de paz que Jesus veio trazer aos homens e que ressoou sobre a gruta de Belém: Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra  paz aos homens.

No tempo de Jesus, os homens pediam a paz com o mesmo desejo que vigora hoje. O imperador Augusto tinha procurado responder proclamando em todo o mundo a paz romana, que era uma condição jurídica imposta com guerras vitoriosas sobre todos os povos, uma paz que nasce da vitória militar e mediante a qual se tornavam possíveis um florescimento econômico e uma civilização. 
Era o silêncio das armas, depois de duzentos anos de guerras contínuas e terríveis.
Exatamente enquanto Augusto, de Roma, anunciava ao mundo essa paz, na Palestina a palavra “paz” ressoava com o significado bem diferente: Bem aventurados os pacíficos, porque serão chamados  filhos de Deus!- Mt5,9; entrando numa casa , saudai-a: Paz a esta casa – Mt10, 12 -, isto é, desejai-lhe a paz.
Sua paz não coincidia, evidentemente, com a de César, que queria a calma, a ordem estabelecida, a submissão. A paz de Cristo tinha o objetivo de mudar o homem e o mundo e por fim ao velho mundo. Não a paz que agrada aos poderosos, ou aos que gostam da vida mansa, sua palavra é como uma espada que divide e que obriga a escolher.
O que é a paz para Jesus?  São Paulo, aprofunda a questão depois da morte de Jesus, concluindo: a paz é o próprio Jesus. Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo – RM 5, 1  
Porque ele é  a  nossa paz – Ef 2, 14. Eis, portanto, o que é a paz do evangelho: é a reconciliação com Deus obtida em Jesus Cristo. A paz que reconstrói o homem na unidade e lhe restitui aquela segurança interior pela qual pode exclamar: Se Deus é por nós, quem será contra nós? A perseguição? A fome?  O perigo?  A espada? Nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá separar do amor que Deus  nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor – Rm 8, 31.39. É uma certeza do coração que vence toda realidade, todo medo e toda a maldade e que nem a guerra mais selvagem é capaz de destruir. Também  em Auschwitz havia paz no coração de Edith Stein e naquele de Maximiliano Kolbe que eram trucidados pelo ódio.
O modo, o jeito de Jesus é deixar-nos impor a paz por Deus, impô-la a nós mesmos, fazê-la reinar em nosso coração, vencendo a má raiz da qual dimana toda a discórdia e toda a guerra: o egoísmo. Somente o homem novo vive segundo o espírito e não segundo a carne  pode ser filho da paz e agente da paz entre os irmãos. 

“Os homens” – diz um texto do Vaticano II -, “enquanto pecadores, estão e estarão sempre sob a ameaça de guerra, até a vinda de Cristo, mas na medida em que conseguem, unidos no amor, vencer o pecado, eles vencem também a violência, até a realização daquelas palavras divinas: Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. 
Uma nação não levantará a espada contra a outra, e não se arrastarão mais para a guerra – Is 2, 4 (Gaudium et spes, 78 ).
Na Eucaristia, o Ressuscitado em pessoa nos diz: Dou-vos a paz, dou-vos a minha paz; não a que sabe dar o mundo, mas aquela que somente eu posso dar.

Cf Raniero Cantalamessa, em o Verbo se fez Carne, Ed. Ave Maria, S. Paulo, 2012, tradução de Cornélio Dall’Alba, anos A,B,C, pp 252-253.

Paróquia Santa Edwiges em Brás de Pina - RJ
Pároco: Pe Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial

--