Nos caminhos
deste mundo, Jesus nos vê, assim como “viu um cego de nascença”. O quê Jesus vê
em nós? E como foi o olhar de Jesus a esse homem? Os discípulos de Jesus
também o vêm.
Mas vêm a aparência, o exterior, vêm um pecador: “Mestre, quem
foi que pecou, para que ele nascesse
cego? Ele ou seus pais?” Jesus vê. Vê além do pecado. Vê que naquele homem
havia um desejo do Altíssimo; desejo de vida nova, advinda pela Luz.
Assim, como no
relato da Criação – Gn 2, 7 – Deus nos
fez a partir do barro, Jesus cospe no chão, fez lama com a saliva e
ungiu os olhos do cego, realizando uma
nova criação.
Nesta segunda criação pressupõe o ato de crer do cego: “vá se
lavar na piscina de Siloé”. Foi e voltou. Voltou enxergando. De mendigo e
cego, agora revigorado pela fé no Senhor
Jesus, ainda passa pelas rejeição, o abandono dos seus, mas que perseverando
na posse da vida nova, iluminado pelo Cristo.
Como esquecer que antes
estava na escuridão e agora vivia na Luz! A alegria de essa mudança ninguém se há podia tirar.
Não era mais um
abandonado, mendigo. Encontrara refúgio no Senhor: “E se ajoelhou diante de
Jesus”.
A fé deste
mendigo cego desafia a nossa fé.
Em cada
situação que passamos da escuridão à Luz, da dificuldade à paz, da tristeza à
alegria, vemos Jesus? E o adoramos? É
Jesus quem toma a iniciativa de se deixar ver.
Foi Ele o primeiro a ver o cego
de nascença. Jesus nos faz vê-lo como o
modelo dos que chegam à luz da fé.
Tê-lo como
“luz verdadeira que ilumina todo
o homem e que brilha nas trevas” – é a
esperança do crente: “Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da
vida”.
Luz que avança e vence as trevas
da morte.
Prece a Jesus,
Luz do mundo: Olha-me tu, Jesus de Nazaré, que eu sinta pousar-se sobre mim teu olhar
livre, sem escuridão de sinagoga, sem exigência que me ignorem, sem a distância
que congela , sem a cobiça que me
compre.
Que teu olhar se pouse nos meus sentidos, e se filtre até os desvãos
inacessíveis onde te espera meu eu desconhecido semeado por ti desde o meu
início e germine o meu futuro rompendo um silêncio
com o verde de suas folhas a terra machucada que me sepulta e que me nutre.
Deixa-me entrar dentro de ti, para olhar-me desde ti, e sentir que se dissolvem tantos olhares próprios e alheios que me deformam e me rompem –
Benjamim Gonzalez Buelta.
(Cf: Instituto Humanitas Unisinos; Testemunho de Fé, n.685 – Editorial, 31.03.14)
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