“O tempo
quaresmal, por ser tempo de conversão, possibilita o caminho da verdadeira
liberdade. Os exercícios quaresmais do jejum, da oração e da
esmola nos abrem silenciosamente para o encontro com Aquele que é a plenitude
da vida, com Aquele que é a luz e a vida de toda a pessoa que vem a este mundo
(Jo 1,10).
deixar-nos atingir pela graça da liberdade com que Cristo nos presenteou.
O jejum abre o nosso ser para a receptividade da vida nova, da liberdade. A oração é a exposição de quem espera ser atingido pela misericórdia d’Aquele que nos amou primeiro e até o fim (Jo 4,10). A esmola é o amor partilhado; é deixar-se tomar pela dinâmica da caridade; é sair de si mesmo; é deixar-se tocar pela presença do outro, especialmente do mais necessitado” (D. Leonardo Steiner).
VIDA E LIBERDADE ENTRELAÇAM-SE NA DINÂMICA DO BEM QUERER QUE PODEMOS
DEFINIR COMO SENDO UM ATO DE AMOR.
Amor é o que nos mostra hoje a
Liturgia da Palavra, neste primeiro domingo da quaresma, com o relato da
Criação.
Deus nos criou no amor e para o amor, por isso, uma vez desnudos, caídos
no pecado da tentação, o
Senhor se fez tentado por nós e no deserto passou pela experiência da fome e jejuou; passou pela experiência da solidão e não se lançou na dúvida do amor do Pai por Ele; viu toda a riqueza do mundo e só ao Pai quis adorar. Assim, Satanás afastou-se d’Ele e os anjos vieram servir o Senhor.
Hoje,
no deserto do tempo presente, também fazemos este itinerário de libertação. Libertação
pessoal, comunitária e social.
Satanás continua
a tentar, a lançar sobre os homens os tentáculos do mal, do egoísmo profundo
enraizado no coração de muitos homens e mulheres que levam à escravização de
seus semelhantes.
É a tentação do poder, dos reinos do mundo e sua glória: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar” (Mt 4, 9).Vislumbrar este poder e esta glória do mundo, leva, sem dúvida, o homem a tratar o seu semelhante como coisa e a buscar o lucro considerando tantos irmãos como mercadoria.
Trata-se aqui do tráfico humano. “O tráfico
humano é o cerceamento da liberdade e o desprezo da dignidade dos filhos e filhas de Deus.
Todos os laços, amarras que impedem a liberdade desfiguram o homem e a mulher criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). O tráfico humano é um dos modos atuais da escravidão que viola a grandeza de filhos, destrói a imagem de Deus, cerceia a liberdade daqueles que foram resgatados por Cristo.
É preciso sair da indiferença diante de tão grande crueldade, de tão
grande pecado.
A LIBERDADE NOS FOI DADA NA CRUZ DE CRISTO.
Ele nos libertou e, por isso, concedeu-nos participar da plenitude de
sua vida e de sua vitória. Na morte deu-nos a vida; no sofrimento,
conquistou para nós a liberdade dos filhos e filhas de Deus.
“Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar
pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato,
tomam decisões socioeconômicas que abrem a estrada a dramas como este” (Cf. Papa Francisco, Lampedusa, Itália, 8 de julho de 2013).
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