Neste
terceiro domingo quaresmal, Jesus vem transgredindo quatro preceitos e
costumes arraigados na sua cultura: um
judeu não dialoga com uma mulher samaritana.
Um mestre não procura discípulas.
Um justo não se aproxima de uma mulher
com cinco maridos. Um homem não dirige a palavra a uma mulher publicamente.
Portanto, importa dizer que aquela mulher passa pela experiência da surpresa , quando Jesus dirige-lhe a
palavra numa atitude de necessidade, de debilidade humana de alguém que sofre o
calor e o cansaço e tem sede, depois de
uma longa caminhada: “Dá-me de beber”.
Neste encontro, à beira do poço,
a mulher é levada a questionar Jesus pela surpresa do encontro com
aquele judeu: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?”
Tal diálogo entre Jesus e aquela mulher, vai provocando a mudança de sentido da água e da sede, dando-lhe valor surpreendente:
“Se tu conhecesses o dom de Deus
e quem é que te pede: “dá-me de beber, tu mesma lhe pedirias, e Ele te daria
água viva” (v. 10).
Assim, abre-lhe a possibilidade da compreensão de si e da sua missão,
e para o dom que só Ele pode oferecer: a água da vida plena,
tocando-lhe na necessidade profunda que a leva a exclamar: “Senhor, dá-me dessa
água, para que eu não tenha mais sede...”.
Nesta situação de progressiva aproximação de um para o outro vai se
gerando um novo vínculo:
a plenitude do diálogo que estabelece pontes onde
geralmente há grandes muros de separação.
Assim, Jesus
pode falar a ela e a todos nós: “todo aquele que beber desta água terá sede de
novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a
água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água para vida eterna” ( v.
13).
Jesus, Jesus é o mediador, o condutor, o portador da água viva, que é o
dom gracioso de Deus, jorrando para a eternidade. Quem se sacia deste dom se
tornará, surpreendentemente, fonte de água viva para os outros, canais
comunicantes da graça divina.
Assim, Jesus nos associa à obra do Pai, para a vida do mundo. Neste encontro surpreendente, Jesus desperta-lhe a luz da fé: “Acredita-me”.
É o processo progressivo do dom da iluminação interior. Brota-lhe a fé contagiante da mulher e a dos que acolheram seu testemunho: “nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” ( v. 42 ).
Tal experiência de fé e
encontro, leva o homem e a mulher que crer a reconhecer que é Jesus o doador
das águas que jorram para a vida eterna;
e a água viva é o Espírito Santo ( Jo 7, 37s), dom pascal prometido, a ser
enviado pelo Pai por meio do Filho.
Hoje também nós
podemos nos deixar guiar pela palavra do Evangelho que tem esta função de ser
mediadora, para que cada ouvinte crente possa viver a experiência de descobrir
sua sede e beber na fonte da água que jorra para a vida eterna.
BÊNÇÃO DA MULHER
Que o Senhor te conceda a audácia de Débora e a valentia de Ester e de Judite.
Que te encha da
alegria com a Ana e de lealdade e de amor fiel como Rute. Que possas cantar e
dançar junto ao mar como Maria, a profetisa. E que, como Maria de Nazaré,
proclames a grandeza do Senhor, no triunfo dos famintos e dos humildes. Que
chegues a encontrar-te com Jesus, o Senhor como o encontraram Maria Madalena e
marta e Salomé e a Samaritana.
Ele lhes devolveu a dignidade e a liberdade e
lhes deu um nome novo. E que, como
aquela mulher encurvada de quem Jesus se aproximou e pôs de pé, possa tu viver
erguida e ajudar a erguer a outros, a outra. Porque ela e tu, e nós e todos as
mulheres e homens, somos chamados a pôr-nos de pé, glorificando a Deus (autor desconhecido).
Pároco Givanildo
Luiz Andrade
Imagens Daniel
Verdial