Afirmamos
que a Igreja existe nas pessoas. O Senhor confiou essa nova realidade, a
Igreja, aos Doze Apóstolos.
Contemplá-los um a um, compreender através destas pessoas em que consiste viver a Igreja, o que significa seguir Jesus. Depois de Jesus, Pedro é o personagem mais
conhecido e citado no Novo Testamento: é mencionado 154 vezes com o sobrenome
de ‘Petros’, ‘pedra’, ‘rocha’, que é a tradução grega do nome aramaico que lhe
deu diretamente Jesus, Kefa, testemunhado em nove ocasiões, sobretudo nas
cartas de Paulo.
É
preciso acrescentar também o nome de Simão, usado frequentemente ( 75 vezes ),
que é a forma adaptada ao grego de seu nome hebraico original, Simeão ( duas
vezes: At 15,14; 2Pd, 1,1 ).
Nos Evangelhos, Simão apresenta um caráter
decido e impulsivo. Está disposto a fazer prevalecer suas razões, inclusive com
a força ( usou a espada no Horto das Oliveiras ( Jo 18,10s).
Ao mesmo tempo, às vezes, é também ingênuo e
temeroso, assim como honesto, até chegar ao arrependimento mais sincero (Mt 26,75). Os Evangelhos
permitem seguir passo a passo seu itinerário espiritual.
O ponto de início é o chamado por parte de Jesus. Aconteceu em um dia como qualquer outro, enquanto Pedro o cerca para escutá-lo.
O
mestre vê duas barcas amarradas à margem. Os pescadores desceram delas e estão lavando as redes. Ele lhes pede
poder subir a uma barca, a de Simão, e
lhe solicita que se afaste um pouco da
terra. Sentado nessa cátedra improvisada, ensina desde a barca à multidão ( Lc
5,1-3 ). Desse modo, a barca de Pedro converte-se na cátedra de Jesus.
Quando terminou de falar Jesus diz a Pedro:
“Rema mar adentro, e lançai vossas redes para a pesca”. Simão responde:
“Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pescamos nada; mas, em teu nome,
lançarei as redes” ( Lc 5, 4-5).
Jesus, que era um carpinteiro, não era um
especialista em pesca e, contudo, Simão, o pescador, fia-se desse Rabi, que não
lhe dá respostas, mas o convida a confiar.
Sua reação ante a pesca milagrosa é de assombro
e estremecimento: “Afasta-te de mim, Senhor, que sou um homem pecador” ( Lc 5,8). Jesus responde
convidando-o a ter confiança e abrir-se a um projeto que supera toda expectativa:
“Não temas.
Desde agora serás pescador de homens” (Lc 5,10). Pedro não podia
sequer imaginar que um dia chegaria a Roma e que aqui seria “pescador de
homens” para o Senhor.
Aceita
esse chamado surpreendente a deixar-se envolver nessa grande aventura; é generoso,
reconhece seus limites, mas crê em quem o chama e segue o sonho de seu coração.
Diz “sim”, um “sim” valente e generoso, e se converte em discípulo de Jesus.
Pedro
vai aprendendo e ensinando o que significa seguir Jesus: “Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Por quem quer salvar
a sua vida, perdê-la-á, mas quem perde
sua vida por mim e pelo Evangelho, salvá-la-á ( Mc 8,34-35).
É a lei exigente
do seguimento: é necessário saber renunciar, se for preciso, ao mundo todo para
salvar os verdadeiros valores, para salvar a alma, para salvar a presença de
Deus no mundo ( Mc 8,36-37). Ainda que lhe tenha custado, Pedro acolhe o
convite a continuar seu caminho seguindo os passos do Mestre.
Assim, como Pedro, temos que seguir Jesus e
não precedê-lo: Ele nos mostra o caminho. Pedro nos diz: tu pensas que tens a receita e que tens de
transformar o cristianismo, mas quem conhece o caminho é o Senhor. É o Senhor
quem me diz, quem te diz: “Segue-me!” E temos que ter valentia e humildade para
seguir Jesus, pois Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
( Cf.: Mistagogias de Bento XVI sobre a Igreja,,
Pedro, o pescador – 17.05.2006, pgs 70-72, V0zes 2007. )
PARÓQUIA SANTA EDWIGES
EM BRÁS DE PINA - RJ
PÁROCO GIVANILDO LUIZ ANDRADE
IMAGENS DANIEL VERDIAL
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