“Se
o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo: mas se morre, dá muito fruto. Floresceu,
pois, novamente o Senhor ressuscitando do sepulcro, frutifica quando sobe ao
céu.
É
flor quando é gerado nas profundezas da terra; é fruto quando é assentado em
sua sublime sede.
É grão – como ele mesmo diz quando, só, padece a cruz; é fruto quando se
vê cercado
da copiosa fé dos apóstolos, o que nos leva a refletir “que Páscoa e Ascensão são o mesmo acontecimento e nos falam de uma mesma realidade.
No dia da Ascensão, assim como no dia da Páscoa, deve-se observar a importância do olhar: na Páscoa, no túmulo, as mulheres olham para baixo: “cheias de medo, elas olhavam para o chão.
No entanto, os dois homens disseram: ‘Por que vocês estão procurando
entre os mortos aquele que está vivo?’ – Lc 24,5. A ascensão, após 40 dias
depois da Páscoa, o olhar dos discípulos está voltado para o alto: os dois
homens vestidos de branco dirão aos discípulos: ‘Homens da Galileia, por que
ficais aqui, parados, olhando para o céu?
Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como vistes
partir para o céu’ – At 1,11.
De fato, durante aqueles quarenta dias em que,
depois da ressurreição , conviveu com seus discípulos, instruiu-lhes em toda a
maturidade da sabedoria e os preparou para a safra abundante com toda a
fecundidade de sua doutrina. Subiu ao céu, ou seja, ao Pai, levando o fruto da carne e deixando em
seus discípulos as sementes da justiça.
Sementes da
justiça, que para serem plantadas no coração do homem, necessitam da tríplice
missão:
Missão da proclamação (kerigma às nações – Mt 28,19a ; Missão de
santificação pelo batismo – Mt 28, 19b; Missão de formação para a vida cristã –
v.20, permeadas pela fé, esperança e caridade.
Fé, esperança e caridade, pois "o cristão continua frágil: ele duvida.
Quando viram Jesus, prostram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram" –
Mt 28,17.
Jesus repreende Pedro que começava a afundar quando caminhava sobre as águas. Não é que Pedro não tivesse
fé, mas sua fé era tímida; falta-lhe a audácia e coragem.
Se o evangelista Mateus sublinha a dúvida dos cristãos é porque ele quer mostrar a humanidade da Igreja, com suas fragilidades, seus limites e sua finitude.
Mas é a esses homens
e mulheres de hoje – que Cristo confia
sua missão de humanizar o mundo, para que ele possa encontrar Deus.
Santo Irineu dizia: Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”. E
Jean Debruynne: “O cristão está a caminho. Não é qualquer um que chega; é
alguém a caminho. O cristão está no canteiro de obras; é um homem de ação,
portanto, um homem de esperança. ‘Fazei discípulos meus todos os povos...’ Em
primeiro lugar, somos discípulos do Filho do Homem. ‘Batizai...’, ou seja,
façam nascer.
Façam-nos nascer não somente para o mundo, mas também para o seu
coração, e a verdadeira batida do seu coração é o próprio Jesus. Trata-se de
amar como nunca amamos.
Batizai nas grandes águas da caridade. ‘Ensinai...’ ou seja, abram a inteligência da sua fé. O cristão não vai ao encontro de Deus com os olhos fechados.
Ele não pode se contentar com o que aprendeu no catecismo. Nós não vivemos somente com aquilo que sabemos, mas também com aquilo que nos tornamos.
O cristão não guarda os mandamentos em seu bolso ou apenas em sua
memória, ele deve vive-los...”.
“Eis que estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” – MT
28,20b. Há mais de 2000 anos, mulheres e homens, apesar das suas dúvidas,
testemunham o Ressuscitado, humanizando o mundo e animando-o à maneira de
Cristo”.
(Cf.: Raymond
Gravel, padre da Diocese de Joliette, Canadá e publicada no sitio
Unisinos, Ano A, 01 de junho de
2014, tradução de André Langer; São Máximo de Turim – Séc. V; sermão 56, 1-3,
CCL 23, 224-225)
PARÓQUIA SANTA EDWIGES EM BRÁS DE PINA - RJ
PÁROCO GIVANILDO LUIZ ANDRADE
IMAGENS DANIEL VERDIAL
--