“Vinde a mim
todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu
vos darei descanso” – Mt 11,28.
O Cristo ressuscitado nos convida a tomar o seu jugo, porque o seu jugo é fácil de carregar e o seu fardo é leve – Mt 11,30. Há duas interpretações que podemos tomar sobre a palavra jugo: primeira: o jugo faz parte da junta de bois que puxam a carga.
A segunda interpretação é a
do pe. Francês Leon Paillot que diz que a palavra jugo está na origem da
palavra conjugal, como uma união conjugal que o homem e a mulher olham e vão
juntos na mesma direção. É mais fácil que dois sozinhos.
É, portanto, para uma
relação conjugal que Cristo nos convida: propõe-nos um amor conjugal, com ele e
entre nós. Para isso, precisamos praticar a mansidão e a humildade do coração:
“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração, e vós encontrareis descanso” Mt 11,29.
Na vida, é
preciso ter fome para compreender os famintos; é preciso ter sede para apreciar
a água que sacia. É preciso ter sofrido a injustiça para desejar a justiça; e é
preciso ter vivido a rejeição, a condenação e a exclusão para acolher o outro,
respeitá-lo em sua dignidade e caminhar com ele.
Os sábios e entendidos não têm necessidade de liberdade: eles sabem
tudo e eles pensam que são superiores
aos outros. Eles
não precisam dos outros. Além disso, eles impõem aos outros suas doutrinas e
verdades, fardos que eles mesmos não levantam nem com a ponta dos dedos.
Eles
são trancados em seu conhecimento e na sua moral, e não se preocupam com a
misericórdia, o perdão e o amor. No tempo do evangelho, os sábios e entendidos
eram os escribas, os fariseus, os sacerdotes e os doutores da lei que
controlavam Deus e exploravam os pobres.
Entretanto, Jesus não nos convida à ignorância e a mediocridade. É preciso
diferenciar entre aqueles que ignoram uma coisa porque não tiveram a
oportunidade de aprender e aqueles que ignoram uma coisa porque se recusam a
aprender, assim como devemos distinguir a humildade da
humilhação: a humildade é uma virtude e a humilhação, uma abominação.
A pobreza evangélica não é sinônimo de mediocridade, de relativismo, de desleixo. É exatamente o contrário: a pobreza evangélica é a característica daqueles e daquelas que não se acham os detentores da verdade, que estão abertos à alteridade e estão ávidos para aprender e conhecer.
“Tomai sobre vós
o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós
encontrareis descanso” – Mt 11,29, quer dizer que a pessoa humana é mais importante
do que a Lei e inclusive a Lei do sábado: Jesus defende os seus discípulos que
ousaram arrancar espigas no sábado, porque estavam com fome; citando o
profeta Oséias, ele acrescenta: “É
misericórdia que eu quero e não sacrifício” – Os 6,6.
Tornar-se
discípulo de Cristo é encontrar repouso, porque o único jugo que Cristo coloca
sobre seus amigos, é o amor.
Raymond Gravel,
padre da diocese de Joliette, Canadá, comentando as leituras do 14º T. C, ano A, tradução de André Langa
PAROQUIA SANTA EDWIGES
BRÁS DE PINA - RJ
Pároco Pe Givanildo Luiz Andrade
Imagens Daniel Verdial
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