“Não pode haver tristeza quando nasce a vida: dissipando o temor da
morte, enche-nos de alegria com a promessa de eternidade. Ninguém está excluído
da participação nesta felicidade.
A causa da alegria é comum a todos, porque
nosso Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado
nenhum homem isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se
aproxima a vitória; rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão;
reanime-se o pagão, porque é chamado à
vida.
Ao chegar a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios
divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do
homem para reconciliá-lo com o seu Criador, de modo que o demônio, autor
da morte, fosse vencido pela mesma natureza que ele antes vencera.
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Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos, exultantes de alegria,
cantam: “Glória a Deus nas alturas” e anunciam: “Paz na terra aos homens de boa
vontade”.
Amados filhos, demos graças a
Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com
que nos amou, compadeceu-se de nós; “e quando estávamos mortos por nossos
pecados, fez-nos reviver com Cristo” para que fossemos nele uma nova criação,
nova obra de suas mãos.
Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos;
e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras do mundo.
Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade, e já que participas da
natureza divina, não voltes aos erros de
antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de
que corpo és membro.
Recorda-te de que foste arrancado do poder das trevas e
levado para a luz e o reino de Deus. Pelo sacramento do batismo te tornaste o
templo do Espírito Santo.
Não expulses com más ações tão grande hóspede, não
recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de
Cristo”
1º Sermão do
Natal de São Leão Magno - Século V
GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS, E PAZ NA TERRA AOS HOMENS
Cristo nasceu homem para
restituir à humanidade e a toda a criação a sua beleza e dignidade. É neste
sentido que os Padres interpretam a mensagem dos anjos na noite santa.
Essa voz
é a expressão da alegria pelo fato de céu e terra, Deus e humanidade se abraçaram
para sempre. A partir de agora, anjos e homens podem cantar juntamente a beleza
do cosmos que se exprime num único hino de louvor: glória a Deus nas
alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
A alegria foi, segundo
S. Efrém, muito maior no nascimento do que na concepção, pois “só um anjo
anunciou a sua concepção, enquanto que para o seu nascimento uma multidão de
anjos O anunciaram”.
Ao lembrar esse grande acontecimento, o poeta siríaco do
século VI, Romano Melode, exorta: “Terra e céu rejubilem juntamente, diante do
Emanuel que os profetas anunciaram, tornado criança visível, que dorme num presépio”.
E, num outro poema, continua:
“A ALEGRIA ACABA DE NASCER NUMA GRUTA. HOJE O CORO DOS ANJOS UNEM-SE A
TODAS AS NAÇÕES PARA CELEBRAR A VIRGEM IMACULADA QUE NESTE DIA DEU À LUZ O
SALVADOR. HOJE TODA A HUMANIDADE, DESDE ADÃO, CANTA. BENDITO SEJA DEUS,
RECÉM-NASCIDO”.
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