“Quem já não experimentou no mais íntimo de si dois grandes
desafios? Saber que é chegada a hora de uma definição e no entanto,
desejar permanecer, querer que este momento se
prolongue?
Ainda
permanecer como está, pois afinal tudo é Graça de Deus.
Assim, aconteceu com Abraão. Sendo pobre, envelhecido pelo tempo, já não
esperava mais nada da vida, a não ser que chegasse o momento em que
partiria definitivamente deste mundo. Só lhe restava a
descendência da escrava. Eis que, Deus o chama. Chama-o a sair de
si, do seu lugar, a migrar e ir em direção a um outro tempo, a um outro
lugar. É o tempo de Deus em sua vida.
Deus encontrou "abrigo" no coração de Abraão, ou seja,
encontrou acolhida e confiança. Confiança inabalável
nas promessas, na Palavra, no poder do Senhor. Vai Abraão e
Deus o abençoou com a fecundidade no ventre estéril de Sara.
Fecundidade biológica e do espírito. Desta recíproca amizade
permeada pela confiança brotou um fruto: Isaac.
Oh Deus obrigado
por tão grande benevolência. Das entranhas
estéreis da nossa vida, fecundastes-nos graciosamente fazendo
jorrar a vida. Pode um amigo pedir algo, por mais precioso que seja, é ser-lhe negado?
Uma amizade construída na experiência da fé no impossível humano e
transformada na visibilidade amorosa na pessoa de Isaac, o filho
querido de Abraão. Amizade profunda agora desafiada ao extremo da
prova: "toma teu filho, teu único, que amas, Isaac, e vai
à terra de Maria e lá o oferecerás em holocausto sobre
uma montanha que eu te indicarei " Gn 22,2
Que coisa! Isaac carregou nos ombros o feixe de lenha, foi amarrado para o
sacrifício? Também Jesus carregou o lenho da sua cruz e foi
amarrado durante a sua Paixão. Em Jesus Cristo se realiza o
sacrifício de Isaac, à diferença de Abraão, Deus não segurou
a mão no último momento. Jesus faz o seu percurso até o
monte, antecipando aos seus amigos, pela transfiguração e a voz do Pai,
que o caminho estreito da cruz leva ao caminho da vida. A transfiguração traz
um misto de alegria e medo: Cruz e Ressurreição.
Que amor é este que embasa o
coração de Deus, o coração de Abraão, o coração de Cristo.
O teu coração e de tantos que se deixaram ser tocados por Ele? Uma
história de vida que se funde. A vida de Deus e a vida do homem. Não há espaço para a imparcialidade.
Crer. Crer no meio ao
sofrimento e em meio à alegria. Só conhecendo o coração do outro é
possível caminhar nesta estrada de adesão e renúncia, esperando
sempre... no Senhor”.
FICA CONOSCO SENHOR, POIS ANOITECE.
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PARÓQUIA SANTA EDWIGES EM BRÁS DE PINA - RJ
PÁROCO: Pe Givanildo Luiz Andrade
IMAGENS: Daniel Verdial
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