Curioso, ele pergunta ao companheiro de viagem o que era aquilo. O
beduíno simplesmente lhe responde que é apenas
o deserto se lamentando por não ser mais um terreno fértil, um campo
florido, um prado verdejante.
Algo semelhante brota hoje de uma multidão de
corações, que, tendo se afastado de Deus, abandonado sua Palavra e esquecido
seu amor, transformou-se em terra árida, como as areias estéreis do deserto.
Em nossos dias,
o fenômeno da desertificação nunca esteve tão em voga. Fala-se na destruição da
floresta amazônica, cujo desmatamento desordenado põe em risco a biodiversidade de um patrimônio
incalculável para toda a humanidade.
Preocupante
também se encontra o estado do coração humano, que sofre do mesmo processo de
desertificação. Cada vez mais se torna difícil o cultivo do amor e da bondade
em meio a tanta violência e sofrimento. O mundo consumista e individualista,
que destrói a natureza e onde o que vale é o cada um por si, nos deixa cada vez
mais distantes uns dos outros e de Deus.
(Mc 13,33-37) - Naquele Tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado!
Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que,
ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus
empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar
vigiando.
Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à
tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que,
vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo
a todos: Vigiai!”
O Advento, este
tempo com que hoje iniciamos o ano litúrgico da Igreja, nos questiona, nos
chama a atenção para os sinais dos tempos em nossa vida pessoal; nos convida,
na expectativa do Natal, a um profundo exame de consciência e, na espera do
Senhor que vem, a prepararmos nossa casa
para alguém que, longe de ser um
hóspede, é o dono e Senhor do mundo e da nossa vida.
O pedido de Isaías – ‘Ah,
se rompesses os céus e descesses!’ – Já foi atendido. Basta que abramos as
portas do nosso coração. Como dizia Santo Agostinho: ‘Na procura por Deus, é
Ele quem se adianta e vem ao nosso encontro.’ “Que a Virgem Maria interceda por
nós e nos guie pelos caminhos da fertilidade espiritual.”