O que implica dizer que, a fé não se vive a sós.
Para encontrar a Cristo, precisamos encontrar o outro, os outros que nos falam
da presença do Cristo.
É
no outro, nos outros, que podemos reconhecê-Lo.
O evangelho segundo
Jo, 20,24, afirma que quando estavam reunidos na primeira vez, na noite da
Páscoa, Tomé não estava com eles, quando Jesus veio.
Neste sentido, Tomé nos representa, pois também
nós não estávamos na hora do primeiro encontro.
Só no segundo, “uma semana depois, os discípulos
estavam reunidos de novo” e dessa vez, Tomé estava com eles. Estando fechadas
as portas, Jesus entrou.
Ficou no meio deles e disse: “A paz esteja
convosco” – Jo 20,26. Mesmo que a Comunidade estivesse fechada sobre ela própria,
por medo, Cristo se faz presente na reunião.
E
aí, Tomé iria fazer a sua experiência. Não dá para separar o Ressuscitado do
Crucificado: Ele é a mesma pessoa. O que significa que não é possível ver a
Páscoa sem antes passar pela Sexta-feira Santa.
Na realidade da vida dos discípulos, havia
perseguições sangrentas aos cristãos, a rejeição, a humilhação, a exclusão, o
ódio, as divisões entre outros males que permeavam a vida dos amigos de Jesus.
É, então através dos discípulos perseguidos,
rejeitados, humilhados, condenados e excluídos, que Tomé vai encontrar e
reconhecer o Crucificado e Ressuscitado.
Através deles e delas, Tomé percebe que as
marcas da Paixão e da Cruz não se apagaram pela luz da Páscoa.
Também hoje, em nosso contexto histórico, não há
talvez as mesmas perseguições aos cristãos, mas a doença, o sofrimento, as
provas, a exclusão, a rejeição e a morte fazem sempre parte da nossa realidade humana com seus limites, suas fragilidades e suas pobrezas.
É a fé que vem preenchendo estas situações de esperança! Ela faz da cruz um sinal de ressurreição, uma passagem de libertação: da morte surgiu a vida, assim, os discípulos e
nós, foram e somos recriados, como no primeiro dia da criação, por Cristo, pelo seu sopro, pelo seu Espírito: “Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles dizendo:
“Recebam o Espírito Santo” – Jo 20,22. Assim, o Cristo preparou os cristãos para o trabalho do ministério que constrói o Corpo de Cristo, unidos na mesma fé e no
conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo ( Ef 4, 11s).
“É a Comunidade dos começos que vive, dele e por ele, uma vida nova, e que cresceu como a árvore da semente de mostarda, por mais pobre que seja, da Ressurreição do Senhor” – F. Tricard.
Dá-nos Senhor aquela paz inquieta que denuncia a paz dos cemitérios e a paz dos lucros fortes. Dá-nos a paz que luta pela paz! A paz que nos sacode com a urgência do Reino.
A PAZ QUE NOS INVADE, COM O VENTO DO ESPÍRITO, A ROTINA DO MEDO, O SOSSEGO DAS PRAIAS E A ORAÇÃO DO REFÚGIO.
A PAZ DAS ARMAS ROTAS NA DERROTA DAS ARMAS. A PAZ DA FOME DE JUSTIÇA. A PAZ DA LIBERDADE CONQUISTADA, A PAZ QUE SE FAZ NOSSA SEM CERCAS NEM FRONTEIRAS.
Que tanto é “Shalom” como “Salom”, perdão, retorno, abraço... Dá-nos a tua paz, essa paz marginal que soletra em Belém e agoniza na cruz e triunfa na Páscoa.
Dá-nos Senhor, aquela paz inquieta, que não nos deixa em paz! -- Pedro Casaldáliga--
(Cf.: A reflexão de Raymond Gravel, padre da
arquidiocese de Quebec, em 2º domingo da Páscoa, Unisinos).
PARÓQUIA SANTA
EDWIGES- BRÁS DE PINA - RJ
Pároco Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial
Pároco Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial
---