Este dia é também considerado pela Igreja como o dia mundial da
paz. Sendo endereçado a todos as
pessoas, tem um significado social e político universal, pois compromete a
todos, independente de sua fé religiosa.
A paz depende “também de mim”, na medida em posso, com minha ação e meu compromisso social, reforçar o mesmo fundamento da paz que é a justiça, pois a obra da justiça é a paz Is 32,7.
Cada pessoa pode
ser em seu pequeno mundo um homem pacífico Lc 10, 6 e levar sua contribuição
para a paz mundial, porque não há paz universal
se não há homens de paz. Milhões de pessoas sem paz não podem formar uma
humanidade em paz, como milhões de gotas de água turva não podem formar um mar limpo.
Um cristão
contribui para a paz quando encarna, assume no mundo o ideal de paz que Jesus
veio trazer aos homens e que ressoou sobre a gruta de Belém: Glória a Deus no
mais alto dos céus e na terra paz aos
homens.
No tempo de
Jesus, os homens pediam a paz com o mesmo desejo que vigora hoje. O imperador
Augusto tinha procurado responder proclamando em todo o mundo a paz romana, que
era uma condição jurídica imposta com
guerras vitoriosas sobre todos os povos, uma paz que nasce da vitória militar e
mediante a qual se tornavam possíveis um florescimento econômico e uma
civilização.
Era o silêncio das armas, depois de duzentos anos de guerras
contínuas e terríveis.
Exatamente
enquanto Augusto, de Roma, anunciava ao mundo essa paz, na Palestina a palavra
“paz” ressoava com o significado bem diferente: Bem aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus!-
Mt5,9; entrando numa casa , saudai-a: Paz a esta casa – Mt10, 12 -, isto é,
desejai-lhe a paz.
Sua paz não
coincidia, evidentemente, com a de César, que queria a calma, a ordem
estabelecida, a submissão. A paz de Cristo tinha o objetivo de mudar o homem e
o mundo e por fim ao velho mundo. Não a paz que agrada aos poderosos, ou aos
que gostam da vida mansa, sua palavra é como uma espada que divide e que obriga
a escolher.
O que é a paz
para Jesus? São Paulo, aprofunda a
questão depois da morte de Jesus, concluindo: a paz é o próprio Jesus.
Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo – RM 5, 1
Porque ele é
a nossa paz – Ef 2, 14. Eis,
portanto, o que é a paz do evangelho: é a reconciliação com Deus obtida em
Jesus Cristo. A paz que reconstrói o homem na unidade e lhe restitui aquela
segurança interior pela qual pode exclamar: Se Deus é por nós, quem será contra
nós? A perseguição? A fome? O
perigo? A espada? Nem as alturas, nem os
abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá separar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor
– Rm 8, 31.39. É uma certeza do coração que vence toda realidade, todo medo e
toda a maldade e que nem a guerra mais selvagem é capaz de destruir.
Também em Auschwitz havia paz no coração
de Edith Stein e naquele de Maximiliano Kolbe que eram trucidados pelo ódio.
O modo, o jeito
de Jesus é deixar-nos impor a paz por Deus, impô-la a nós mesmos, fazê-la
reinar em nosso coração, vencendo a má raiz da qual dimana toda a discórdia e
toda a guerra: o egoísmo. Somente o homem novo vive segundo o espírito e não
segundo a carne pode ser filho da paz e
agente da paz entre os irmãos.
“Os homens” – diz um texto do Vaticano II -,
“enquanto pecadores, estão e estarão sempre sob a ameaça de guerra, até a vinda
de Cristo, mas na medida em que conseguem, unidos no amor, vencer o pecado,
eles vencem também a violência, até a realização daquelas palavras divinas: Ele
será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão
relhas de arados, e de suas lanças, foices.
Uma nação não levantará a espada
contra a outra, e não se arrastarão mais para a guerra – Is 2, 4 (Gaudium et
spes, 78 ).
Na Eucaristia, o
Ressuscitado em pessoa nos diz: Dou-vos a paz, dou-vos a minha paz; não a que
sabe dar o mundo, mas aquela que somente eu posso dar.
Cf
Raniero Cantalamessa, em o Verbo se fez Carne, Ed. Ave Maria, S. Paulo, 2012,
tradução de Cornélio Dall’Alba, anos A,B,C, pp 252-253.
Paróquia Santa Edwiges em Brás de Pina - RJ
Pároco: Pe Givanildo Luiz Andrade
Imagens: Daniel Verdial
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