Um mal físico a ponto de ser considerado um castigo de Deus. Estamos diante de uma experiência que toca à realidade humana já em 1400
a.C.
O livro do Levítico, que faz parte dos cinco primeiros livros da Bíblia,
constituindo o Pentateuco, o livro que trata das normas do culto e mandamentos
do Senhor, traz-nos a informação da presença de uma doença letal naquele tempo;
letal e excludente para aqueles que fossem acometidos por ela.
Só restava ao homem, à mulher de fé, recorrer ao Senhor:
"Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio" - Sl 31(32). Pois, pela
sua condição social e religiosa, constatada a doença da lepra, só lhe restava "andar
com as vestes rasgadas, o cabelo em desordem e a barba coberta, gritando: impuro!
Impuro!", pois era considerado um impuro do ponto de vista religioso,
portanto, um pecador - Lv 13,45.
A lepra é sinal de corrupção, impureza, princípio de decomposição e de
morte. Tratava-se de um conceito de santidade que tinha como elemento essencial
a pureza externa. É mais um caso de higiene do que de consciência.
Jesus põe
fim a esta concepção de santidade e pureza, fazendo entender que a
verdadeira raiz da imoralidade é a intenção do homem: não é aquilo que ele
toca, ou que entra nele. Não são as mãos sujas que mancham o homem, mas aquilo
que ele pensa, o que sai do seu coração - Mt 15,11ss.
Assim, 1400 anos depois, agora era um leproso, provavelmente, que
vivia às escondidas, tem a ousadia e a humildade de se lançar em direção
a Jesus e ajoelhado dizer-lhe: "se queres tens o poder de curar-me" -
MC 1,40.
Ousadia e humildade brotaram do coração daquele homem. Ousadia
para sair de sua condição de leproso, excluído, impuro e pecador, passível de
contaminar a outros e revelar agora, publicamente as suas feridas.
Humildade
para colocar-se numa atitude de total dependência e esperança perante Aquele
que poderia tira-lo daquela condição de exclusão social e religiosa, pois no
Senhor, encontrou "alegria e refúgio". Regozijou, porque ouviu do
Senhor: Eu quero, fica curado!" - Mc 1,41.
A Igreja, enquanto Comunidade de fiéis, continua hoje a gritar ao
Senhor: "se queres, podes limpar-me", pois o Senhor supera a Lei dada
por meio de Moisés e vindo o Senhor traz a graça que cura, perdoa e sara o
homem da sua chaga, quer do corpo, quer do espírito.
Hoje, também precisamos da ousadia e da humildade do leproso exposto
no Evangelho: Mc 1,40-45. "Devemos reconhecer que em nós existe
uma lepra que nos divide, que nos dilacera, que vai aos poucos deformando
o nosso coração.
Devemos reconhecer que fora de Jesus não existe cura para isso. Só Ele é o nosso refúgio,
só Ele nos traz a alegria da cura - Sol 31.
Deixemos que ele nos toque. Ele não pode contaminar-se conosco, e por
isso, Ele nos toca, e o seu toque é um toque purificador, que nos devolve
a saúde do corpo e da alma, a força do seu Espírito devolve- nos a
saúde".
PARÓQUIA SANTA
EDWIGES
BRÁS DE PINA –
RJ
Pároco: Pe
Givanildo Luiz Andrade
Fotografia:
Daniel Verdial
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