Pe.
Ezequias - Itabuna - Bahia
Sugere que o “caminho
cristão” é um caminho nunca acabado, que exige de cada homem ou mulher, em cada
dia, um compromisso sério e radical (feito de gestos concretos de amor e de
partilha) com a dinâmica do “Reino”. Somos, assim, convidados a percorrer o nosso
caminho de olhos postos nesse Deus santo que nos espera no final da viagem.
A primeira leitura que nos é proposta apresenta um apelo veemente à
santidade: viver na comunhão com o Deus santo, exige o ser santo. Na
perspectiva do autor do nosso texto, a santidade passa também pelo amor ao
próximo.
No Evangelho, Jesus continua a propor aos discípulos, de forma muito
concreta, a sua Lei da santidade (no contexto do “sermão da montanha”). Hoje,
Ele pede aos seus que aceitem inverter a lógica da violência e do ódio, pois
esse “caminho” só gera egoísmo, sofrimento e morte; e pede-lhes, também, o amor
que não marginaliza nem discrimina ninguém (nem mesmo os inimigos). É nesse caminho
de santidade que se constrói o “Reino”.
Na segunda
leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto – e os cristãos de todos os
tempos e lugares – a serem o lugar onde Deus reside e Se revela aos homens.
Para que isso aconteça, eles devem renunciar definitivamente à “sabedoria do
mundo” e devem optar pela “sabedoria de Deus” (que é dom da vida, amor gratuito
e total).
"NAQUELE TEMPO, disse Jesus a seus
discípulos: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por
dente!’ Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se
alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém
quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se
alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele!
Dá a quem te
pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. Vós ouvistes o que foi
dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’
Eu, porém, vos digo: Amai
os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis
filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e
bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente
aqueles que vos amam, que recompense tereis?
Os cobradores de impostos não
fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário?
Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito!" Mt 5, 38-48
Jesus pede, aos que aceitaram embarcar na aventura do “Reino”, a superação de uma lógica de vingança, de responder na mesma moeda, e o assumir uma atitude pacífica de não resposta às provocações, que inverta a espiral de violência e que inaugure um novo espírito nas relações entre os homens.
Não é, no
entanto, esta a lógica do mundo, mesmo do mundo “cristão”: em nome do direito
de legítima defesa ou do direito de resposta, as nações em geral e as pessoas
em particular recusam enveredar por uma lógica de paz e respondem ao mal com um
mal ainda maior.
Jesus pede, também, aos participantes do “Reino” o amor a todos,
inclusive aos inimigos, subvertendo completamente a lógica do mundo. Como
é que eu me situo face a isto?
A minha atitude é a de quem não exclui nem
discrimina ninguém, mesmo aqueles de quem não gosto, mesmo aqueles contra quem
tenho razões de queixa, mesmo aqueles que não compreendo, mesmo aqueles que
assumem atitudes opostas a tudo em que eu acredito?
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