Essa sintonia é reafirmada na oportunidade da
celebração do Dia Nacional da Juventude, mais um empenho que a Igreja Católica
vive neste profético ano, enriquecido pelos eventos da JMJ Rio2013, Campanha da Fraternidade
- com o tema Juventude e Fraternidade, da Semana Missionária e da Jornada
Mundial da Juventude. Trata-se de um dever de todos reafirmar efetivamente a
opção preferencial pelos jovens.
Essa dimensão prioritária nasce da importância da
juventude, no presente e no futuro da sociedade. É preciso atentar-se para os
diferentes cenários em que se inserem os jovens, possibilitando ou impedindo
seu desenvolvimento humano. Neste exercício, a Igreja Católica é desafiada a
contracenar com instâncias governamentais, busca permanentemente o diálogo com
as famílias e se empenha na oferta de uma formação integral. Ao mesmo tempo,
procura aprender com os jovens, escutando-os sempre.
Escutar a juventude é uma exigência que desafia a
Igreja, governos, famílias e instituições. Trata-se uma necessária tarefa, que
exige um modo próprio de agir, marcado pela grande disposição para aprender as
novas linguagens, refletir valores e construir opções que articulem autonomia e
liberdade. Neste último aspecto, devem ser respeitados os princípios e valores
sem os quais a edificação da vida corre o risco de facilmente ruir.
Dizer que a juventude deve ser prioridade não é demagogia.
É uma questão de vida, de futuro. A realidade estampa cenários que requerem
esta convicção, para que sejam instituídos processos de serviço, intercâmbio e
formação voltados para os jovens. Assim, eles serão devidamente reconhecidos
como sujeitos na construção de sua história pessoal, familiar e adequadamente
inseridos nas dinâmicas sociais. É importante lembrar que especialmente os mais
jovens sofrem os impactos das grandes mudanças que estão afetando a economia,
as ciências, a política, educação, religião, arte e esportes. Estas
transformações que atingem a humanidade exigem aprendizagens e práticas para
responder às exigências insubstituíveis quando se trata de edificar a vida.
De modo especial, é preciso considerar as mudanças
incidentes nas relações sociais. Particularmente, as alterações do papel do
homem e da mulher, a partir das facilidades resultantes dos avanços
tecnológicos e do terrível desafio que nasce da consolidação de uma afetividade
autônoma e narcisista. Urgente também é reconhecer a grande batalha que ocorre
e que exige providências: a “mancha de óleo”, expressão do Documento dos Bispos
na Conferência de Aparecida, que é o problema das drogas, invadindo tudo.
Essa “mancha” ataca países ricos e pobres, jovens de
diferentes classes sociais, de todas as idades. É um flagelo que se configura
em uma batalha de proporções assustadoras, mostrando inércias governamentais,
carência de participação das instituições, empresas e lentidão por parte das
instituições educativas e religiosas. A droga tem se tornado uma verdadeira
pandemia a ser enfrentada com a coragem profética de colocar, especialmente, os
jovens em pauta. Assim será possível alcançar respostas mais velozes e efetivas
para transformar o atual cenário. Na busca pela formação integral dos jovens,
além de infraestrutura, educação de qualidade, oportunidade de trabalho, dos
modelos de tratamento em vista da prevenção e cura da dependência química, é
urgente compreender o papel educativo completo da espiritualidade no
desenvolvimento da juventude.
OS JOVENS SÃO SENSÍVEIS E TÊM GRANDE ABERTURA
PARA A DESCOBERTA DA VOCAÇÃO DE SEREM DISCÍPULOS E DISCÍPULAS DE JESUS
A
espiritualidade a ser oferecida como contato, compreensão e experiência dos
valores do Evangelho tem força própria para recompor interioridades e impulso
profético no enfrentamento de tudo o que afeta a juventude. Há um apelo
que deve se transformar em exigência para que nossa Igreja e instituições
diversas usem mais seus espaços e recursos a serviço dos jovens, com projetos
de arte, cultura, lazer, escuta, debate, formação social e política.
A IGREJA CATÓLICA QUER SER O LUGAR DA JUVENTUDE,
COMPREENDENDO QUE UM TEMPO NOVO SE CONSOLIDARÁ PELA CORAGEM DE MANTER SEMPRE OS
JOVENS EM PAUTA.
Dom
Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
07/
Nov/2013 - CNBB