segunda-feira, 10 de março de 2014

“É PARA A LIBERDADE QUE CRISTO NOS LIBERTOU” (Gl 5,1) - 1º Domingo da Quaresma

“O tempo quaresmal, por ser tempo de conversão, possibilita o caminho da verdadeira liberdade. Os exercícios quaresmais do jejum, da oração e da esmola nos abrem silenciosamente para o encontro com Aquele que é a plenitude da vida, com Aquele que é a luz e a vida de toda a pessoa que vem a este mundo (Jo 1,10).
 Jejum, muito mais do que uma privação, é esvaziamento, uma expropriação; tentativa de 
deixar-nos atingir pela graça da liberdade com que Cristo nos presenteou.
O jejum abre o nosso ser para a receptividade da vida nova, da liberdade. A oração é a exposição de quem espera ser atingido pela misericórdia d’Aquele que nos amou primeiro e até o fim (Jo 4,10). A esmola é o amor partilhado; é deixar-se  tomar pela dinâmica da caridade; é sair de si mesmo; é deixar-se tocar pela presença do outro, especialmente do mais necessitado” (D. Leonardo Steiner).


VIDA E LIBERDADE ENTRELAÇAM-SE NA DINÂMICA DO BEM QUERER QUE PODEMOS DEFINIR COMO SENDO UM ATO DE AMOR.

Amor é o que nos mostra  hoje a Liturgia da Palavra, neste primeiro domingo da quaresma, com o relato da Criação. 
Deus nos criou no amor e para o amor, por isso, uma vez desnudos, caídos no pecado da tentação, o 
Senhor se fez tentado por nós e no deserto passou pela experiência da fome e jejuou; passou pela experiência da solidão e não se lançou na dúvida do amor do Pai por Ele; viu toda a riqueza do mundo e só ao Pai quis adorar. Assim, Satanás afastou-se d’Ele e os anjos vieram servir o Senhor.
Hoje, no deserto do tempo presente, também fazemos este itinerário de libertação. Libertação pessoal, comunitária e social.
 Satanás continua a tentar, a lançar sobre os homens os tentáculos do mal, do egoísmo profundo enraizado no coração de muitos homens e mulheres que levam à escravização de seus semelhantes.
É a tentação do poder, dos reinos do mundo e sua glória: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar” (Mt 4, 9).Vislumbrar este poder e esta glória do mundo, leva, sem dúvida, o homem a tratar o seu semelhante  como coisa e a buscar o lucro considerando tantos irmãos como mercadoria. 

Trata-se aqui do tráfico humano. “O tráfico humano é o cerceamento da liberdade e o desprezo da dignidade  dos filhos e filhas de Deus.
 Todos os laços, amarras que impedem a liberdade desfiguram o homem e a mulher criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). O tráfico humano é um dos modos atuais da escravidão que viola a grandeza de filhos, destrói a imagem de Deus, cerceia a liberdade daqueles que foram resgatados por Cristo.
É preciso sair da indiferença diante de tão grande crueldade, de tão grande pecado.

A LIBERDADE NOS FOI DADA NA CRUZ DE CRISTO.
Ele nos libertou e, por isso, concedeu-nos participar da plenitude de sua vida e de sua vitória. Na morte deu-nos a vida; no sofrimento, conquistou para nós a liberdade dos filhos e filhas de Deus.
“Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconômicas que abrem a estrada a dramas como este” (Cf. Papa Francisco, Lampedusa, Itália, 8 de julho de 2013).

(Cf.  Apresentação – Jovens na CF pg 3-4; 2014 )




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